sexta-feira, 10 de março de 2017

DESTAQUE DO MÊS DE FEVEREIRO DE 2017

ANA OLIVEIRA
 
 
Ana Cristina Simões de Oliveira tem 35 anos e frequenta o 3º ano do curso de Eng. Agrónoma na Universidade dos Açores, trabalha como auxiliar de educação, é instrutora no ginásio Best Of Health Club e é atleta, atividade no âmbito da qual aceitou dar-nos o seu testemunho.

Como começou e o que a motivou a praticar atletismo?

Tive a minha iniciação desportiva aos 13 anos de idade como atleta federada, desde sempre adorei correr, e de todas as modalidades desportivas que experimentei, o atletismo foi a modalidade pela qual me apaixonei, por ser uma modalidade desportiva mais individual, foi aí que me enquadrei. Desde a escola primária que a hora da ginástica/educação física era aquela hora fantástica.

Como é praticar uma atividade desportiva maioritariamente associada ao masculino?

Nem sempre foi fácil, como menina e muitas vezes correr mais do que os rapazes levava a alguns comentários menos agradáveis, mas era isso que me desafiava. Em relação aos meus colegas de treino, nunca senti qualquer tipo de descriminação, muito pelo contrário. O problema mesmo é de quem vê as coisas de fora, o facto de correr/treinar maioritariamente com rapazes, fazem-nos uma rotulagem nem sempre muito simpática, e quando digo isto, não vem só do sexo masculino, mas também, e grande parte do sexo feminino. Hoje a corrida está na moda, mas nem há muitos anos atrás, a corrida era vista por quem não tinha nada que fazer da vida. Muitas mulheres me diziam  que tinha de "arranjar" uma casa para tomar conta, que correr é coisa de homens não de mulheres, que ter "músculos" é feio, não é coisa de mulheres.

Claro que nem sempre os homens gostam de ter uma colega de treinos que consiga correr tanto quanto eles, mas no meu caso, tenho muito a agradecer por me ajudarem a evoluir como atleta.

Já alguma vez se sentiu discriminada pelo facto de ser mulher?

No que toca ao desporto sim, há inúmeras situações desagradáveis como por exemplo, os prémios monetários nunca são iguais para ambos os sexos. Uma situação extremamente desagradável aconteceu há alguns anos, numa prova com exactamente a mesma distância em que eu e o meu colega (homem) fomos ambos vencedores, e o meu colega recebeu um prémio monetário no valor de 250 euros, e eu como vencedora do sexo feminino tive o prémio de valor monetário de zero euros. Sim, é lamentável!! Ainda hoje em dia, quando concorremos a determinados trabalhos somos à partida excluídas por sermos mulheres. Se erramos em alguma coisa, é porque somos mulheres...

Sobre as Mulheres vítimas de violência doméstica

Infelizmente as mulheres vítimas de violência doméstica, são vistas como umas "coitadas", muitas das vezes a sociedade até acha que a mulher"merecia" o que teve, ou porque não obedeceu, ou porque não fez, ou porque única e simplesmente  acham que a mulher não corresponde aos padrões que a sociedade de hoje ainda impõe.

É muito importante haver associação feministas como a UMAR Açores, quando uma mulher procura ajuda, é porque provavelmente já passou por muito, agressões físicas, verbais, deixam marcas para toda uma vida. Nem sempre mulheres que passam por este tipo de violência tem a capacidade de encontrar uma solução sozinhas, é necessário intervir, é necessário ajudar, é fundamental saber que não estão sozinhas, têm alguém que as defende.

Não podemos deixar que seja mais uma, não somos "coisas", não somos objectos, somos seres humanos!!

Para terminar a Ana refere que é importante que homens e mulheres vivam tratando-se de igual para igual. Se eles podem, nós também. Nunca devemos baixar a cabeça, nunca nos resignarmos e principalmente não permitirmos que nos façam sentir um ser fraco ou inferior.

 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 8 de Março de 2017

 

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