quarta-feira, 27 de julho de 2016

DESTAQUE DO MÊS DE JULHO DE 2016

CAROLINA ROCHA
 
 
 
Mestre em Artes Plásticas pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, Carolina Alexandra de Melo Rocha, tem 29 anos e actualmente desempenha a sua actividade profissional como artista plástica e técnica de cenografia. Recorda-se de ser bem pequena e de ter curiosidade relativamente à plasticidade dos materiais. Gostava imenso de tarefas relacionadas com a expressão plástica. Durante a minha infância e adolescência, frequentei aulas de pintura e expressão plástica promovidas pela Oficina de Angra. Foram oportunidades de formação, sobretudo prática, interessantes porque consegui explorar diferentes materiais e perceber eventuais caminhos.
Também a fotografia foi motivo de interesse durante o seu percurso académico universitário. Conheci algumas autoras que me despertaram a curiosidade para esse meio visual, nomeadamente Cindy Sherman, Sophie Calle e Francesca Woodman. Fiz várias experiências e finalizei alguns trabalhos nesse contexto. No entanto, atualmente não é um meio visual que utilize no meu trabalho de artes plásticas.
 
Dificuldades de integração profissional
Pessoalmente as maiores dificuldades que senti desde que terminei a minha formação estão relacionadas com o tempo em que vivemos. A situação atual portuguesa não é muito animadora, o que obriga a pessoa a estar preocupada em garantir um futuro que não dá indícios de ser muito risonho. Ainda assim, com os recursos, o tempo e as oportunidades possíveis desenvolvo um trabalho de artes plásticas. Percebendo que o caminho faz-se caminhando e que a determinação e a esperança são elementos fundamentais, os erros e as dificuldades são importantes para a pessoa evoluir.
 
As artes e a igualdade de oportunidades entre mulheres e homens
Atualmente continuam a existir mais artistas homens do que mulheres. Na minha opinião, tal situação poderá ficar a dever-se ao facto de ainda haver uma separação e definição do papel do homem e da mulher na sociedade. No século XXI, por motivos de subsistência é fundamental para a maioria dos artistas plásticos desenvolver em paralelo com as artes plásticas outra atividade profissional. Observo em muitos casais jovens que a mulher, para além de ter a sua atividade profissional, é a principal responsável pela educação dos filhos e pelas tarefas domésticas. Neste tipo de contexto, o homem tem muito mais tempo para se dedicar à sua profissão, nomeadamente as artes plásticas. É importante que nesse aspeto haja uma mudança de igualdade de género e partilha de tarefas.
 
Sobre discriminação
Nas artes plásticas creio que nunca senti esse tipo de situações (de discriminação). Mas enquanto mulher sim, exatamente pela definição de papéis socialmente pré estabelecidos e por a mulher ser considerada, em alguns contextos, um ser frágil. Considero que deve existir em condições semelhantes igualdade de oportunidades pessoais e profissionais.
 
Sobre a violência doméstica
Na minha opinião, existe uma indiferença social relativamente às mulheres que são vítimas de violência doméstica. Infelizmente, pelo que observo, comportamentos e frases como “entre marido e mulher não se mete a colher” continuam bem presentes na nossa atualidade. Deparo-me também com opiniões de pessoas que pensam que a mulher é vítima de violência doméstica porque assim o deseja. Penso que é um tema que necessita de ser mais debatido. Torna-se fundamental que as pessoas denunciem e se organizem contra todo o tipo de violência e discriminação. Neste contexto, Associações como a Umar, que têm o papel de lutar pelos direitos das mulheres são sempre importantes numa sociedade como a nossa. Apesar de haver muita informação disponível e de fácil acesso a todos, os problemas permanecem e é sem dúvida importante haver uma instituição que intervenha e aborde as problemáticas para que as pessoas se sintam orientadas.
 
Principais Exposições
- 2016    “Flash Back”, Carpediem, Lisboa
- 2016    “Flash Back”, Círculo de Artes Plásticas, Coimbra
- 2015    “Prémio Internacional de Pintura 2015”, Focus Abengoa Foundation, Sevilha
- 2015    “Mistérios de Tinta”, Museu de Angra do Heroísmo, Angra do Heroísmo
- 2012    “Mostra Labjovem 2012”, exposição itinerante
- 2011    “Quem são eles? Evocação dos 40 anos da galeria Ogiva”, galeria Nova Ogiva, Óbidos
- 2010    “Exposição de Finalistas na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha", Caldas da Rainha
 
 
Outros Destaques
- 2015   Selecionada para a exposição “Prémio Internacional de Pintura 2015”, da Fundação Focus Abengoa
- 2014    2º e 3º Selecionado/as, no concurso de artes plásticas “Labjovem” 2014
- 2012/2013 Bolsa de “Criação Artística”, Artes Plásticas, da Direção Regional da Cultura dos Açores
- 2012 1ª Selecionada no concurso de artes plásticas “Labjovem” 2012
- 2012 1º Prémio no concurso “A Mulher e a Água”, 2012
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 27 de Julho de 2016