terça-feira, 30 de outubro de 2012

O impacto do “furacão” crise na vida feminista

Marcha Mundial das Mulheres
 


A UMAR em parceria com a Marcha Mundial de Mulheres (MMM) arrancou no dia 4 de Outubro de 2012 a nível europeu, com uma campanha feminista anti-austeridade com o objectivo de alertar para o impacto da crise na vida das mulheres. A campanha será assinalada em diferentes datas como, o dia 17 de Outubro com ações em torno da erradicação da pobreza, dia 10 de Dezembro dia Internacional dos Direitos Humanos, com 24 horas de ações feministas à volta do mundo focadas na saúde e nos direitos sexuais e reprodutivos. A campanha encerra no dia 8 de Março Dia internacional da Mulher de 2013, onde durante esse vasto período de tempo serão realizadas várias iniciativas com o objetivo de recolher depoimentos de como decorre a vida das mulheres com a invasão da crise.
Esta campanha acontecerá conjuntamente em várias cidades europeias. Para a MMM é importante fundamentar o estado "chocante" de desempregof eminino e a precariedade laboral entre as mulheres que se vem observando ao longo dos tempos.
Para que fosse esclarecido de um modo sintético a temática MMM fomos entrevistar Judite Fernandes, que neste momento pertence ao Comité Internacional, como uma das representantes da região Europa.
 
Judite Fernandes
O que é a Marcha Mundial das Mulheres?
A MMM é um movimento feminista internacional que se constituiu em 1998 para unir as Mulheres do mundo em ações de luta contra a violência e a pobreza.
Todas as manifestações que vão surgindo ao longo dos tempos têm um propósito, uma história, que levou a criação das mesmas. Qual a história da MMM e o porquê do seu surgimento?
A MMM nasceu no ano 2000 como uma grande mobilização que reuniu mulheres do mundo todo em uma campanha contra a pobreza e a violência. As acções começaram a 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, e terminaram em 17 de Outubro, organizadas a partir do chamado “2000 razões para marchar contra a pobreza e a violência sexista”.
A inspiração para a criação da MMM partiu de uma manifestação realizada em 1995, no Quebec, no Canadá, quando 850 mulheres marcharam 200 quilómetros, pedindo, simbolicamente, “Pão e Rosas”. A acção marcou a retomada das mobilizações das mulheres nas ruas, fazendo uma crítica contundente ao sistema capitalista como um todo. No seu final, diversas conquistas foram alcançadas, como o aumento do salário mínimo, mais direitos para as mulheres imigrantes e apoio à economia solidária.
Entre os princípios da MMM estão a organização das mulheres urbanas e rurais a partir da base e as alianças com movimentos sociais. Defendemos a visão de que as mulheres são sujeitos ativos na luta pela transformação de suas vidas e que ela está vinculada à necessidade de superar o sistema capitalista patriarcal, racista, homofóbico e destruidor do meio ambiente.
A MMM busca construir uma perspectiva feminista afirmando o direito à autodeterminação das mulheres e a igualdade como base da nova sociedade que lutamos para construir.
Ações internacionais da Marcha Mundial das Mulheres
A Marcha já realizou três ações internacionais, nos anos 2000, 2005 e 2010. A primeira contou com a participação de mais de 5000 grupos de 159 países e territórios. Seu encerramento mobilizou milhares de mulheres em todo o mundo. Nesta ocasião, foi entregue à Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, um documento com dezassete pontos de reivindicação, apoiado por cinco milhões de assinaturas. Essa ação foi caracterizada como um primeiro chamado de largo alcance, um passo no sentido da consolidação da MMM como movimento internacional.
A segunda ação mundial, realizada em 2005, novamente levou milhares de mulheres às ruas. A Marcha construiu a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade, em que expressa sua visão das alternativas económicas, sociais e culturais para a construção de um mundo fundado nos princípios da igualdade, liberdade, justiça, paz e solidariedade entre os povos e seres humanos em geral, respeitando o meio ambiente e a biodiversidade. De 8 de março a 17 de outubro daquele ano  a partir de um retalho de cada país, foi construída uma grande Colcha Mosaico Mundial de Solidariedade, uma forma simbólica de representar a Carta.
3ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres
Em 2010, a MMM realizou sua terceira ação internacional, nos períodos de 8 a 18 de Março, e de 7 a 17 de Outubro, com mobilizações de diferentes formatos em vários países do mundo. O primeiro período marcou o centenário do Dia Internacional das Mulheres com diversas marchas. O segundo teve ações simultâneas, com um ponto de encontro em Kivu do Sul, na República Democrática do Congo, expressando a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
Qual o seu papel na MMM?
A minha primeira participação na MMM aconteceu em Vigo em 2008, no âmbito do meu projeto de doutoramento, como observadora. Curiosamente, apaixonei-me pela MMM na Terceira, no decorrer do Congresso Feminista da UMAR-Açores, quando ouvi a comunicação da Almerinda Bento sobre a Marcha. A partir daí tornou-se que era algo com que me identificava muito, de maneira que comecei a participar na coordenação portuguesa da Marcha em 2009. Em 2010 fui eleita para o Secretariado Europeu e em 2011 para o Comité Internacional, como uma das representantes da região Europa.

Qualquer pessoa pode aderir à Marcha? Qual o processo para aderir aos eventos realizados pela Organização da MMM?
Qualquer mulher pode participar ativamente na Marcha, desde que se identifique com os sues princípios fundamentais (pode aceder à Carta Mundial aqui: http://sof.org.br/marcha/?pagina=cartaMundial) . Para aderir às suas ações, nomeadamente neste momento à Campanha europeia sobre o impacto da crise na vida das mulheres, pode entrar em contacto com a Marcha em Portugal através do email mmmulherespt@gmail.com ou nos Açores entrando em contacto com a UMAR-Açores em São Miguel, Faial ou Terceira (pode fazê-lo através do email geral@umaracores.org). A informação sobre a Campanha em Portugal está aqui: http://mulherescontraausteridade.blogs.sapo.pt e sobre a Campanha a nível europeu aqui: http://femmeseneurope.eu . Em ambos estes sites é também possível subscrever o protesto Feminista Anti-austeritário lançado por Portugal e que será no decorrer da campanha entregue aos governos europeus.
Sendo os Açores um meio muito pequeno, acha que este tipo de ações é reconhecido pelo público-alvo em questão?
Penso e espero que sim. A Marcha nos Açores participou em todas as ações internacionais com um leque muito diversificado de eventos, a que houve sempre grande adesão.
Gostaríamos que deixasse um apelo às Mulheres Terceirenses, com intuito a sensibilizá-las a aderirem a estas ações implementadas pela MMM.

Reclamamos uma vida digna que coloque as pessoas no centro da vida, que ponha em destaque os cuidados perante uma economia que não é algo abstrato nem decisões longínquas, mas que determina e afeta o dia-a-dia da vida das pessoas. Para o fazer, é fundamental a participação de todas!
Sara Ataìde
Educadora Social
 
Publicado na página Igualdade XXI no jornal Diário Insular de 24 de Outubro de 2012.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Workshop de Defesa Pessoal para Mulheres




A UMAR Açores / Cipa, com o apoio da Federação Portuguesa de Krav Maga (instrutor Rui Ferreira), vão realizar um workshop de Defesa Pessoal para Mulheres no dia 27 de Outubro de 2012.

Este vai decorrer na Sala de Ginástica da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, das 10h às 12h e das 14h às 16h.

O objectivo é dotar as participantes de estratégias para se defenderem perante situações ameaçadoras (ameaça, assalto, violação e ataque fortuito).

É dirigido às utentes, associadas, técnicas de instituições que trabalham no apoio à mulher em risco e outras mulheres que estejam interessadas.