quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Dia Internacional das Pessoas com Deficiência

“A verdadeira deficiência é aquela que prende o ser humano por dentro e não por fora, pois até os incapacitados de andar podem ser livres para voar” (Thaís Moraes).



No passado dia 3 de Dezembro comemorou-se o dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Esta data é promovida pelas Nações Unidas desde 1998, desde então, este dia tem como objectivo principal a promoção e uma maior compreensão da sociedade civil, relativamente aos assuntos relacionados com a deficiência.
No mundo, segundo dados das Nações Unidas, cerca de 10 % da população, ou seja, 650 milhões de pessoas, vivem com deficiência. São a maior minoria do mundo. Este número tem vindo a aumentar, devido ao crescimento demográfico da população, aos avanços da medicina e ao processo de envelhecimento. Nos países onde a esperança média de vida é superior a 70 anos, cada indivíduo viverá em média 8 anos com uma deficiência, isto é cerca de 11,5 % da sua existência.
Apesar destes números serem significativos, as pessoas com deficiência continuam a ser ignoradas pela sociedade civil. Estas pessoas sofrem diariamente, muitas encontram-se escondidas longe da sociedade sem saberem quais são os seus direitos. Segundo as Nações unidas, a taxa anual de violência contra crianças com deficiência é pelo menos 1,7 vezes mais elevada do que a relativa aos seus pares não deficientes. Apelidadas de cidadãos invisíveis, as pessoas com deficiência situam-se entre os estratos mais pobres da sociedade. Segundo a UNICEF 30% dos jovens que vivem na rua são deficientes.
Se é difícil para os homens com deficiência viverem numa sociedade que ignora os seus direitos humanos, para as mulheres com deficiência a situação é intolerável.
As mulheres com deficiência sofrem múltiplas desvantagens, incluindo a exclusão devido ao seu sexo e deficiência. Estas sofrem em silêncio todo o tipo de abusos, são privadas do acesso à educação, ao emprego, à participação cívica, à sexualidade e à maternidade. Estes abusos começam muitas vezes no seio da família alargando-se depois às instituições. Um estudo realizado em Orissa (Índia), em 2004, mostra que quase todas as mulheres e raparigas com deficiência eram agredidas fisicamente em casa, 25% das mulheres com uma deficiência mental tinham sido violadas e 6% das mulheres com deficiência haviam sido esterilizadas à força.
Em Portugal, estas situações acima descritas são igualmente frequentes, muitos destes cidadãos invisíveis vivem em condições terríveis, como situações de isolamento, solidão e violência. Infelizmente, as pessoas não estão sensibilizadas para os problemas das pessoas com deficiência. É urgente começar a reivindicar as questões dos homens e mulheres com deficiência no contexto social e político.

Publicado na Página Igualdade XXI no Jornal Diário Insular de 28 de Dezembro de 2011

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