terça-feira, 29 de novembro de 2011

16 Dias de Activismo contra a Violência de Género

As Irmãs Mirabal

A 25 de Novembro de 1960, o brutal assassinato das irmãs Mirabal (Las Mariposas): Pátria, Minerva e Maria Teresa, três mulheres que lutavam contra o regime de ditadura vivido na Republica Dominicana, despoletou uma onda mundial de revolta contra a violência exercida sobre as mulheres. Este dia acabou por ser instaurado como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. “16 dias de activismo contra a violência de género” é uma campanha internacional lançada em 1991, que vincula simbolicamente esta data (25 de Novembro) e o dia 10 de Dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
A violência contra as mulheres assume o carácter de violação dos direitos humanos mais básicos como o direito à liberdade, à igualdade, à integridade física e psicológica. Com início numa socialização sexista, em que são diferenciados traços e papéis de género (o que homens e mulheres devem ser e fazer), o facto de as características masculinas serem mais valorizadas que as femininas cria uma desvantagem para as mulheres que é muito difícil de ultrapassar, tratando-se quase de um estigma.
Essa diferenciação de tratamento, de oportunidades, de privilégios e de direitos, resulta em discriminação do género feminino, que muitas vezes assume proporções de extrema violência. É o caso do femícidio (o assassinato de mulheres por serem mulheres), como acontece por exemplo na China com a “política do filho único”; da mutilação genital feminina (amputação dos órgãos sexuais externos da mulher), prática bárbara que ainda tem lugar em vários países de África; ou da lapidação (apedrejamento até à morte), castigo reservado fundamentalmente às mulheres acusadas de adultério, praticado no Irão. Já para não falar das meninas que são obrigadas a casar ainda em crianças com homens adultos (comum no Sul da Ásia e Africa Sub-saariana) e das mulheres e jovens que são traficadas principalmente para fins de exploração sexual.
As mulheres são também as mais afectadas pela pobreza e são vítimas de violação como arma de guerra, como tem acontecido na República Democrática do Congo.
Algumas formas de violência podem até ser mais predominantes em determinadas culturas, mas um flagelo a nível mundial é a violência doméstica, cujas vítimas são mais uma vez maioritariamente do género feminino, só que nesta situação podem ser de qualquer idade, etnia, religião ou classe socioeconómica. Infelizmente para muitas mulheres a própria casa é o sítio menos seguro onde podem estar. Nestes casos, o agressor não é um desconhecido, mas alguém íntimo da vítima, crime que assume um carácter ainda mais perverso.
Tornando-se um ciclo do qual é muito difícil libertar-se sozinha, é importante a vítima ter coragem de pedir ajuda e é essencial a comunidade em geral perceber que não se trata de um assunto privado daquele casal, mas sim de um crime público, algo que é responsabilidade de toda a gente que tem conhecimento e o deve denunciar.
O género masculino pode e deve também contribuir para libertar-se do “estigma” de agressor, colaborando na eliminação de todas as formas de violência contra as mulheres.

Rita Ferreira
Psicóloga da UMAR Açores
Delegação da Terceira

Texto integrado nas iniciativas da UMAR Açores, a publicar também no Jornal Diário dos Açores do dia 27 de Novembro.

Publicado na Página Igualdade XXI no Jornal Diário Insular de 25 de Novembro de 2011

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