segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Destaque do Mês de Janeiro de 2011

CARLA ROSADO

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios... Por isso, cante, ria, dance, chore e viva intensamente cada momento de sua vida, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos..." Charles Chaplin.

“Tento não me esquecer disto, especialmente quando me vejo a entrar na rotina diária a que estamos limitados e, até diria, aprisionados no nosso dia a dia. Compreendo e concordo que temos de ter regras para que possamos viver todos juntos e em paz, mas não devemos esquecer o que realmente nos faz sentir bem e realizados, para que no fim do nosso percurso possamos dizer que fizemos aquilo que nos fez sentir bem, felizes e melhores como pessoas”.

Carla Patrícia Almeida Rosado tem 35 anos e é Oficial de Tráfego na SATA Air Açores desde 1997, mas a sua grande paixão é o desporto automóvel. “Foi algo que o meu pai nos incutiu, a mim e ao meu irmão, desde de tenra idade. Ele fazia parte da equipa que, por paixão a esse mesmo desporto, sempre trabalhou e organizou as provas do TAC e nós sempre o acompanhámos, com muito entusiasmo, nesses dias frenéticos, que eram os dias de rali. Entretanto, e somente aos 24 ou 25 anos de idade é que comecei a fazer provas de automobilismo, mas desta feita como navegadora do meu pai, em provas de Todo-o-Terreno e Raid´s. Foi uma experiência incrível e, durante esses anos em que o naveguei, fizemos várias provas em diferentes ilhas dos Açores e duas provas magníficas no estrangeiro, em Marrocos em 2002 e depois em 2004 fomos à Tunísia. Foi somente em 2006, com 31 anos, que consegui tornar realidade o sonho que tinha desde pequena, que era o de conduzir um carro de rali e participar como condutora numa prova. Foi somente nessa altura que tive condições de poder tornar o sonho realidade, porque a vontade já estava há muitos anos. Mas infelizmente é um desporto muito caro e que somente com a ajuda de amigos e patrocinadores pôde tornar-se realidade. E assim comecei, neste que é um mundo maioritariamente masculino, mas onde as mulheres também já começam a ter uma palavra a dizer”.
Afirma não ter tido muitas dificuldades quando se iniciou nesta actividade, e até foi muito bem recebida assim que a notícia se espalhou mas, quando a sua prestação começou a ser melhor do que se esperava para uma mulher, sentiu que “alguns olhares menos amistosos” lhe foram dirigidos, “alguns pilotos preferiram não me dar muita confiança e sei que, pelas minhas costas, muitos foram os que cortaram na casaca, como se diz na gíria. Posso adiantar que esse tipo de reacção e comportamentos, só me deram mais força para continuar a aprender e a melhorar a minha condução para fazer melhores resultados ainda. E também tive outros amigos e grandes pilotos que admitiram que se fosse com eles não iam gostar nada de ver uma mulher à sua frente. Portanto, na verdade é tudo muito giro e recebem muito bem as mulheres desde que estas não lhes causem muito incómodo nem lhes façam passar pela vergonha de ficarem atrás duma (risos). Claro que, se alguns pensam assim, também há outros que aceitam, me apoiam e que muito me ensinaram para eu continuar a melhorar".
No exercício da sua profissão nunca se sentiu discriminada pelo facto de ser mulher, contudo admite “que as mulheres ainda são discriminadas quando assumem comportamentos idênticos aos homens em algumas matérias, como por exemplo o sexo e as relações que desse assunto possam surgir. No entanto, e ainda bem que assim é, as mulheres, também nesse campo, já se começam a impor e cada vez menos se deixam afectar por essa discriminação. Pelo menos, e falando por mim, essa é a minha ideia e opinião e espero não estar enganada”.
Relativamente às mulheres vítimas de violência doméstica, é de opinião “que as pessoas em geral vêem as vítimas desse tipo de agressão e violência, como umas “coitadinhas” e demonstram sentimento de pena pelas mesmas, que, a meu ver, é o pior sentimento que se pode sentir, em especial, num caso destes. A estas mulheres, foi-lhes desfeita a auto-estima, foi-lhes destruído o amor próprio e, o sentimento de pena, em nada as ajudará, mas a denuncia ás autoridades competentes destes casos, poderá ser o primeiro passo para essa mudança e essa ajuda. Penso que são cada vez mais os casos de denuncia e, quanto mais se divulgar e se falar sobre esse assunto e mais mulheres houver a dar o exemplo de que ao lutarem deram a volta por cima, mais serão aquelas que lhes seguirão o exemplo e cada vez menos as que passarão por esse horror (deduzo) na vida”.

Miguel Pinheiro

Publicado na Página Igualdade XXI no Jornal Diário Insular de 22 de Janeiro de 2011

Acção de Formação Cozinhando a Vida II

Formando/as do Curso de Formação “Cozinhando a Vida II”

Decorreu de 8 de Novembro a 17 de Dezembro de 2010 a segunda edição do curso de formação intitulado “Cozinhando a Vida II” na qual a UMAR Açores contribuiu, através do módulo Papéis sociais de género na esfera doméstica ajudando assim a desmistificar preconceitos associados aos papéis socialmente atribuídos a homens e mulheres, nomeadamente no espaço doméstico e familiar. Esta iniciativa orientada para utentes em fase final do seu processo de autonomização de diferentes instituições, foi desenvolvida no âmbito do trabalho da RAICSES / MR - Rede de Apoio Integrado ao Cidadão em Situação de Exclusão Social / Mulher em Risco coordenada pela Instituto de Acção Social e teve o apoio da Direcção Regional das Comunidades, Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória e Confederação Operária Terceirense. A iniciativa decorreu nas instalações da Cozinha Económica Angrense com a supervisão da técnica daquela instituição e teve o seu encerramento no passado dia 17 de Dezembro com a realização de um jantar confeccionado pelo/as formando/as onde estiveram presentes os familiares deste/as, o/as formador/as, responsáveis pelas instituições da RAICSES / MR e convidado/as.

Miguel Pinheiro

Publicado na Página Igualdade XXI no Jornal Diário Insular de 22 de Janeiro de 2011.

Workshop

"Discriminação em função da idade e do género, no contexto da discriminação múltipla"

Dra. Teresa Anjinho

No âmbito do Plano de Actividades da UMAR Açores para o ano de 2011, em parceria com a Universidade dos Açores / Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo e com o apoio da Direcção Regional da Igualdade de Oportunidades, decorreu, no Auditório da ESEAH, no passado dia 20 de Janeiro um Workshop intitulado"Discriminação em função da idade e do género, no contexto da discriminação múltipla". Dinamizado pela Dra. Teresa Anjinho, este contou com meia centena de participantes que ao longo do dia foram reforçando e renovando aprendizagens para o incentivo à aplicação prática da erradicação das discriminações múltiplas, incidindo preferencialmente nas questões do género e da idade.

A Dra. Teresa Anjinho é Doutoranda da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, com formação em Direito Criminal Europeu, Universidade de Maastricht / Holanda e Mestrado sobre A Violência contra a Mulher na jurisprudência dos Tribunais Internacionais na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.

Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 22 de Janeiro de 2011.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

WORKSHOP UMAR/TERCEIRA Capacitar a terceira e a quarta idade


“Discriminação em função da idade e do género, no contexto da discriminação múltipla” - o título do workshop promovido pela UMAR/Terceira, amanhã, no auditório da Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo, quer colocar no discurso público a “vulnerabilidade” que recai sobretudo nas idosas mas também nas cada vez maiores terceira e quarta idades.

Amanhã, ao longo do dia, com início às 9H30, o auditório da Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo (ESEnfAH) vai ser palco para o debate das discriminações, não de raça ou etnia, nem de orientação sexual, mas sim de idade e de género.
A formação, da Associação para a Igualdade e Direitos das Mulheres (UMAR Açores), delegação da ilha Terceira em parceria com a Universidade dos Açores e ESEnfAH, vai ser orientada por Teresa Anjinho, doutoranda da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra, com formação em Direito Criminal Europeu (Universidade de Maastricht / Holanda).
A investigadora refere que a principal mensagem que pretende transmitir é a da “capacitação” junto da “terceira e da quarta” idade.
“A pessoa idosa, pelo facto de ser mais idosa, não é menos pessoa. É um cidadão de pleno direito e isso significa que pode e deve reivindicar em situações de discriminação”.
A sua formação em direito remete esta questão sociológica para uma leitura em termos de direitos humanos: “na Declaração Universal dos Direitos Humanos todos nascemos livres e iguais em direitos. Isto não se altera com a idade”.

Quebrar estereótipos

“À semelhança do que aconteceu com as mulheres durante muito tempo, em que estas nunca reconhecerem os seus direitos – fruto de práticas sociais e de estereótipos profundamente radicados em modelos patriarcais de organização social – isso também acontece, muitas vezes, com as pessoas idosas. Têm direitos, mas não os reivindicam. Porquê? Porque estão agarrados aos estereótipos que os consideram como inúteis e desnecessários”, explica a docente universitária.
Segundo reitera é preciso “consciencializar” para o facto de que o idoso “é um cidadão de pleno direito que deve continuar a participar em sociedade e esta deve reconhecê-lo como tal”.
Uma afirmação que parece consensual mas para a qual, defende, “ainda existe muito pouca consciencialização”.
Teresa Anjinho gostaria que este problema fosse colocado no “discurso público”, com a mesma intensidade das abordagens sobre o género, a orientação sexual, raça ou a etnia.

Vulnerabilidade da idosa

A especialista em direito internacional não tem dúvidas da existência de uma “vulnerabilidade das mulheres idosas”, considerando que a “abordagem integrada” do género/idade, além de “muito interessante” é “muito conveniente” actualmente.
Isto, explana, “perante a realidade de que este processo de envelhecimento é um processo heterogéneo que, apesar de ter um conjunto de elementos comuns, afecta desproporcionalmente as mulheres”.
“A minha atenção é chamar a atenção para a questão da vulnerabilidade das mulheres idosas fruto de um certo alargamento, extensão das desigualdades de género, que afectam desproporcionalmente as mulheres do longo do ciclo de vida”.

Aprofundar estatísticas

Reconhecendo “não se tratar de “tema muito comum”, a estudiosa refere que a discriminação junto dos idosos são normalmente tratadas de forma “independente e estanque”.
Isto porque “uma das grandes falhas” para quem estuda estas matérias “é que as estatísticas não estão desagregadas por sexo e idade. Ou se centram na questão do sexo, ou na da idade, por exemplo, não se conseguindo apurar conclusões integradas”.
Uma “falha”, menciona reconhecida pelos organismos internacionais: “as próprias Nações Unidas chama constantemente a atenção para a necessidade de que nestes dados estatísticos sejam incluídos indicadores desagregados por sexo e idade”.
“Ou encontram-se muitos documentos que falam de discriminação de género, ou que só falam de discriminação em função da idade, se bem que nesta matéria não encontram muitos, porque só foi objecto de maior estudo mais recentemente”.
“Só o estudo integrado é essencial para poder desvendar formas de discriminação que de outras formas não serão evidentes”.

Nova convenção pró-idosos

Apesar das dificuldades de análise existentes nesta temática, as novas redes sociais, conta Teresa Anjinho, têm ajudado a promover a sua defesa: “existe no próprio facebook um movimento que incentiva à adopção de uma nova convenção para a defesa dos direitos das pessoas idosas”.
No seu entendimento, este instrumento reconhece a “necessidade de uma protecção especial às mulheres de idade e ao seu processo de vulnerabilidade enquanto processo de envelhecimento”.
Uma necessidade, acresce, perante a actual longevidade em que os dados estatísticos internacionais “perspectivam um aumento das populações idosas (…) sendo que, deste aumento, maioritariamente, também existirão mais mulheres idosas do que homens idosos - fruto do facto de as mulheres terem uma esperança média de vida superior em cinco a dez anos à dos homens”.

Formadora com currículo

Teresa Anjinho, natural de Coimbra, possui um vasto currículo e experiência académica em Direito Europeu, tendo frequentado a Universidade de Maastricht (Holanda), participado em vários seminários e conferências, autora de diversas comunicações e de vários títulos sobre direitos humanos e discriminação de género e etnia.
Foi supervisora eleitoral em eleições do Kosovo, na Rússia, da Bósnia e Herzegovina, estagiou na Comissão Europeia e actualmente dedica-se à docência e investigação em várias universidades. Enquadrou a comissão responsável por redigir a Proposta de Lei que adapta a legislação penal Portuguesa ao Estatuto do Tribunal Penal Internacional, colaboradora do Centro de Investigação & Desenvolvimento sobre Direito e Sociedade da FDUNL, investigadora da Antígona – Clínica de Direito da Igualdade e da Discriminação da FDUNL e relatora do “Projecto Farol” sobre as Reformas do Estado - Deloitte Circle (think-tank).

Humberta Augusto
haugusto@auniao.com

Publicado no Jornal A União de 19 de Janeiro de 2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Workshop "Discriminação em função da idade e do género, no contexto da discriminação múltipla"


No âmbito do Plano de Actividades da UMAR Açores para o ano de 2011, em parceria com a Universidade dos Açores / Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo e com o apoio da Direcção Regional da Igualdade de Oportunidades, realiza-se no próximo dia 20 de Janeiro de 2011, Quinta-Feira, um Workshop intitulado"Discriminação em função da idade e do género, no contexto da discriminação múltipla".

A Formadora será a Dra. Teresa Anjinho, Doutoranda da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, com formação em Direito Criminal Europeu, Universidade de Maastricht / Holanda e Mestrado sobre A Violência contra a Mulher na jurisprudência dos Tribunais Internacionais na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.

O Workshop realizar-se-á no Auditório da ESEAH - Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo, na Canada dos Melancólicos das 9:30h às 12:30h e das 14:00h às 16:30h.

As inscrições são gratuitas e podem ser enviadas através do Fax: 295 217 861 ou e-mail: umarterceira@gmail.com, até ao próximo dia 18 de Janeiro de 2011 (3ª feira).

Inscrevam-se e divulguem.

A equipa da delegação da Terceira

UMAR Açores / Cipa – Delegação da Ilha Terceira
Edifício da Recreio dos Artistas - Rua da Rosa s/n 1º Andar
9700 Angra do Heroísmo
Telefone: 295 217 860 / Fax: 295 217 861 / Telemóvel: 968687479
E-mail: umarterceira@gmail.com